Mão de Obra
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Ao nível da mão-de-obra utilizada
no trabalho das salinas, verifica-se que, em 1790 o salgado de Setúbal e de
Lisboa desempenhava um papel económico importante na região, uma vez que os
recursos humanos utilizados na salicultura, eram bastante significativos. Em
Lisboa trabalhavam nas salinas 1.860 obreiros e em Setúbal 1.760, (Quadro 2 do
cap. 1, Lacerda Lobo) o que significa que a indústria do sal representava uma
fonte de rendimento para as famílias locais. A par da agricultura, esta seria a
indústria que empregava mais mão-de-obra na região, especialmente na margem sul
do Tejo. Por outro lado, o comércio do sal, quer nos mercados nacionais quer
externos, constituía uma mais valia para o desenvolvimento económico da região,
sendo rentável para os comerciantes deste produto e para os proprietários.
Em 1932 o pessoal empregado na
salícultura, na margem esquerda do Tejo regulava 1.300 operários. Alcochete
empregava 600 trabalhadores; Vasa-Sacos 150; Montijo 200; Moita e rosário 200 e
Barreiro.
Conforme se pode inferir deste
dados, a indústria salineira nesta altura era de longe a mais intensa desta
região, o que vem corroborar a alta produtividade das salinas, como já se
explicitou
Os proprietários
O sal, as marinhas que desde há
séculos marcam a paisagem alcochetana, reflecte-se também na vida das famílias
que cresceram em torno de actividade salineira. Por razões diferentes mas todos
eles dependiam desta indústria: uns proprietários e senhores da marinhas, outros
laborando de sol a sol para que a colheita fosse boa e o sal da melhor
qualidade para o comércio. Trabalho duro e árduo mas todos tinham orgulho no
sal das suas marinhas.
Em Alcochete a indústria salineira, foi desde
que há memória, e a documentação assim o atesta, a principal forma de vida e
fonte de rendimento da comunidade alcochetana. A produção de sal e o seu comércio,
influenciaram o desenvolvimento social e económico da região, cuja delimitação
do próprio território revela as marcas de uma cultura ligada à actividade
salineira. O território foi-se construindo /reconstruindo e reestruturando a
par da indústria salineira que ao longo dos séculos cada vez mais se foi implantando
na paisagem, provocando um articulação, quase uma aliança, entre o rio, a terra
e as gentes.
Esta intimidade com o rio prolonga-se no
espaço, nas vivências sociais e nas manifestações culturais, um misto entre o
profano e o religioso.
O tecido social foi-se estruturando em torno
do desenvolvimento da salicultura e da agricultura, actividades fundamentais na
economia local. As famílias abastadas eram as detentoras da propriedade, uma
vez que a posse de salinas implicava ter capacidade económica para construir salinas
e para suportar todos os custos com a produção e conservação.
Grande parte da população trabalhava para os
proprietários, quando estes faziam exploração directa, ou trabalhavam para os
seus rendeiros que exploravam as salinas. Também estes rendeiros tinham de possuir
alguma capacidade económica para suportar todas as despesas com a produção.). Em
1932 o pessoal empregado na salicultura, na margem esquerda do Tejo regulava
1.300 operários. Alcochete empregava 600 trabalhadores; Vasa-Sacos 150; Montijo
200; Moita e Rosário 200 e Barreiro .
Fonte : Maria
Dulce de Oliveira Marques – Dissertação de Mestrado –“O Salgado de Alcochete”
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