21 abril 2014

O Sal - Parte 6

Mão de Obra
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Ao nível da mão-de-obra utilizada no trabalho das salinas, verifica-se que, em 1790 o salgado de Setúbal e de Lisboa desempenhava um papel económico importante na região, uma vez que os recursos humanos utilizados na salicultura, eram bastante significativos. Em Lisboa trabalhavam nas salinas 1.860 obreiros e em Setúbal 1.760, (Quadro 2 do cap. 1, Lacerda Lobo) o que significa que a indústria do sal representava uma fonte de rendimento para as famílias locais. A par da agricultura, esta seria a indústria que empregava mais mão-de-obra na região, especialmente na margem sul do Tejo. Por outro lado, o comércio do sal, quer nos mercados nacionais quer externos, constituía uma mais valia para o desenvolvimento económico da região, sendo rentável para os comerciantes deste produto e para os proprietários. 
Em 1932 o pessoal empregado na salícultura, na margem esquerda do Tejo regulava 1.300 operários. Alcochete empregava 600 trabalhadores; Vasa-Sacos 150; Montijo 200; Moita e rosário 200 e Barreiro.
Conforme se pode inferir deste dados, a indústria salineira nesta altura era de longe a mais intensa desta região, o que vem corroborar a alta produtividade das salinas, como já se explicitou

Os proprietários

O sal, as marinhas que desde há séculos marcam a paisagem alcochetana, reflecte-se também na vida das famílias que cresceram em torno de actividade salineira. Por razões diferentes mas todos eles dependiam desta indústria: uns proprietários e senhores da marinhas, outros laborando de sol a sol para que a colheita fosse boa e o sal da melhor qualidade para o comércio. Trabalho duro e árduo mas todos tinham orgulho no sal das suas marinhas. 
 Em Alcochete a indústria salineira, foi desde que há memória, e a documentação assim o atesta, a principal forma de vida e fonte de rendimento da comunidade alcochetana. A produção de sal e o seu comércio, influenciaram o desenvolvimento social e económico da região, cuja delimitação do próprio território revela as marcas de uma cultura ligada à actividade salineira. O território foi-se construindo /reconstruindo e reestruturando a par da indústria salineira que ao longo dos séculos cada vez mais se foi implantando na paisagem, provocando um articulação, quase uma aliança, entre o rio, a terra e as gentes.
 Esta intimidade com o rio prolonga-se no espaço, nas vivências sociais e nas manifestações culturais, um misto entre o profano e o religioso. 
 O tecido social foi-se estruturando em torno do desenvolvimento da salicultura e da agricultura, actividades fundamentais na economia local. As famílias abastadas eram as detentoras da propriedade, uma vez que a posse de salinas implicava ter capacidade económica para construir salinas e para suportar todos os custos com a produção e conservação. 

 Grande parte da população trabalhava para os proprietários, quando estes faziam exploração directa, ou trabalhavam para os seus rendeiros que exploravam as salinas. Também estes rendeiros tinham de possuir alguma capacidade económica para suportar todas as despesas com a produção.). Em 1932 o pessoal empregado na salicultura, na margem esquerda do Tejo regulava 1.300 operários. Alcochete empregava 600 trabalhadores; Vasa-Sacos 150; Montijo 200; Moita e Rosário 200 e Barreiro .




































Fonte : Maria Dulce de Oliveira Marques – Dissertação de Mestrado –“O Salgado de Alcochete”

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