A revolta
A revolta pela dependência Administrativa, era alimentada por pequenos folhetos e pela publicação de artigos em jornais como “O Século”. A criação do “Echo d´Alcochete” por João Baptista, ilustra bem esta necessidade de afirmação e de insubmissão.
"A suppressão do concelho de Alcochete
Esbanjamentos
O anno de 1895 foi dos mais ridentes para Alcochete e outras villas que, como esta, foram apunhaladas por esses sentido com que se praticam actos de revoltantes com o nome de medidas económicas; e que o sejam ou não, custa-nos comprehender como, com tanta facilidade e tão pouca cordura, se executam acções d´esta ordem que só podem perturbar a união d um povo pacifico, que só podem mostrar o escândalo ás claras, e a corrupção que germina nesses cérebros esphacelados e desmoronados que á beira do precipício em que se acham, não vacillam em desafiar um contendor!
Triste, profusamente triste e desolador, o aspecto dessa farçada que se representou com todos os personagens d´uma comedia de summa importância em que fuguraram, desde o galan ao vegete, desde o cómico ao cynico!... Não lhes podemos render maiores elogios.
Ao povo, aos patrícios, um viva porque souberam conhecer o seu logar, voltando as costas a esse espectáculo nefando e indecente, pulha e deshonroso, para quem se incumbe de os proporcionar.
A attitude do nosso povo valoroso, repetimos novamente, devia pelo menos infundir n´esses palhaços qual o despreso que nos merecem.
Para que se trata d´estes assumptos, invadindo com tropa uma povoação paciente e cheia de resignação? Será para atemorisar e horrorisar com esses fardamentos essas armas que merecem toda a consideração e respeito quando pregadas em defeza do paiz ou em caso de resistência, mas nunca para servir de affronta a um povo extremamente enluctado e sacrificado por essa machina horripilante inventada para soffrimento d´esse povo que procura allivio brotando lágrimas e copiosos prantos, próprios d´aqules que sentem girar nas veias o sangue da sua pátria?
Não condemnando totalmente as medidas adoptadas pelo nosso governo, cumpre-nos perguntar ainda se o processo para extinguir um concelho é tornar a frontaria da camara e administração, que outr´ora mereciam toda attenção, n´uma verdadeira feira da ladra, fazendo da mobília e outros utensílios dos referidos edifícios o objecto da sua ferocidade com todos os requintes de malvadez.
Não nos parece esta a melhor forma de se desempenhar essa missão ou antes o caminho mais seguro e menos perigoso para chegar ao fim a que se destina.
O quadro d´El-Rei D. Luiz, também não escapou á acção d´esses maltrapilhos, pois foi lançado da janella da câmara como Miguel Vasconcellos, o traidor da pátria pelos confederados por occasião da revolução de 1640. (...)
João Baptista Nunes Júnior, Echo d´Alcochete - Anno I, nº 1, 5 de Janeiro de 1895
A revolta pela dependência Administrativa, era alimentada por pequenos folhetos e pela publicação de artigos em jornais como “O Século”. A criação do “Echo d´Alcochete” por João Baptista, ilustra bem esta necessidade de afirmação e de insubmissão.
"A suppressão do concelho de Alcochete
Esbanjamentos
O anno de 1895 foi dos mais ridentes para Alcochete e outras villas que, como esta, foram apunhaladas por esses sentido com que se praticam actos de revoltantes com o nome de medidas económicas; e que o sejam ou não, custa-nos comprehender como, com tanta facilidade e tão pouca cordura, se executam acções d´esta ordem que só podem perturbar a união d um povo pacifico, que só podem mostrar o escândalo ás claras, e a corrupção que germina nesses cérebros esphacelados e desmoronados que á beira do precipício em que se acham, não vacillam em desafiar um contendor!
Triste, profusamente triste e desolador, o aspecto dessa farçada que se representou com todos os personagens d´uma comedia de summa importância em que fuguraram, desde o galan ao vegete, desde o cómico ao cynico!... Não lhes podemos render maiores elogios.
Ao povo, aos patrícios, um viva porque souberam conhecer o seu logar, voltando as costas a esse espectáculo nefando e indecente, pulha e deshonroso, para quem se incumbe de os proporcionar.
A attitude do nosso povo valoroso, repetimos novamente, devia pelo menos infundir n´esses palhaços qual o despreso que nos merecem.
Para que se trata d´estes assumptos, invadindo com tropa uma povoação paciente e cheia de resignação? Será para atemorisar e horrorisar com esses fardamentos essas armas que merecem toda a consideração e respeito quando pregadas em defeza do paiz ou em caso de resistência, mas nunca para servir de affronta a um povo extremamente enluctado e sacrificado por essa machina horripilante inventada para soffrimento d´esse povo que procura allivio brotando lágrimas e copiosos prantos, próprios d´aqules que sentem girar nas veias o sangue da sua pátria?
Não condemnando totalmente as medidas adoptadas pelo nosso governo, cumpre-nos perguntar ainda se o processo para extinguir um concelho é tornar a frontaria da camara e administração, que outr´ora mereciam toda attenção, n´uma verdadeira feira da ladra, fazendo da mobília e outros utensílios dos referidos edifícios o objecto da sua ferocidade com todos os requintes de malvadez.
Não nos parece esta a melhor forma de se desempenhar essa missão ou antes o caminho mais seguro e menos perigoso para chegar ao fim a que se destina.
O quadro d´El-Rei D. Luiz, também não escapou á acção d´esses maltrapilhos, pois foi lançado da janella da câmara como Miguel Vasconcellos, o traidor da pátria pelos confederados por occasião da revolução de 1640. (...)
João Baptista Nunes Júnior, Echo d´Alcochete - Anno I, nº 1, 5 de Janeiro de 1895
Fonte: Memórias de um Concelho
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