Numa altura um pouco preocupante para a vida do GDA, que após mais uma Assembleia Geral, em que nada foi decidido a favor da continuação ou nova proposta de uma Direcção para o clube, não posso deixar de mostrar aqui a minha mágoa, pelas possiveis nuvens negras que se abatem num pedaço da história Alcochetana.
Faço uma pausa sobre os posts referentes "Restauração do Concelho", para vos dar a conhecer uma entrevista pouco conhecida, de um dos fundadores do nosso Desportivo.
Não vamos deixar que um pedaço da nossa história acabe assim, de modo tão inglório, como é a falta de alcochetanos para servirem o seu clube do coração.
Aqui fica o principio da minha contribuição, para o meu clube.
"António Luís Rodrigues, natural de Alcochete, onde nasceu em 26 de Agosto de 1918, é do signo Virgem. A sua preferência clubística vai para o Sporting Clube de Portugal e para o Grupo Desportivo Alcochetense onde praticou futebol cerca de 13 anos. É sócio fundador, pois fez parte da Comissão Administrativa que foi constituída para fundar o Desportivo- É actualmente o sócio n.º 1 tendo sido agraciado como Sócio de Mérito em 1993 e recebido o emblema dourado de 50 anos de sócio em 1995.
G.D.A. Revista foi à conversa com António Luís Rodrigues, figura grata do Desportivo pelo seu passado enquanto Fundador, Dirigente e Atleta do nosso Clube.
Ficámos conscientes do seu sentir pelo Desportivo e da existência de alguma nostalgia pelos anos passados e da saudade pela época então vivida na sua juventude ligada à fundação e aos problemas decorrentes.
A emoção veio ao de cima à medida que as perguntas surgiram e até uma ou outra lágrima atrevida bailou nos seus olhos.
Conversa interessante que nos revelou algumas curiosidades, entre elas a posse de um emblema do G.D.A. em ouro e brilhantes (uma relíquia) que lhe foi oferecido há muitos anos pela Tia Maria, mulher do Tio Manuel Perinhas, que até eram imparcialistas.
Como começou o Desportivo?
G.D.A. Revista foi à conversa com António Luís Rodrigues, figura grata do Desportivo pelo seu passado enquanto Fundador, Dirigente e Atleta do nosso Clube.
Ficámos conscientes do seu sentir pelo Desportivo e da existência de alguma nostalgia pelos anos passados e da saudade pela época então vivida na sua juventude ligada à fundação e aos problemas decorrentes.
A emoção veio ao de cima à medida que as perguntas surgiram e até uma ou outra lágrima atrevida bailou nos seus olhos.
Conversa interessante que nos revelou algumas curiosidades, entre elas a posse de um emblema do G.D.A. em ouro e brilhantes (uma relíquia) que lhe foi oferecido há muitos anos pela Tia Maria, mulher do Tio Manuel Perinhas, que até eram imparcialistas.
Como começou o Desportivo?
O Desportivo teve o seu início pela iniciativa de um grupo de rapazes que gostavam de jogar à bola.Juntávamo-nos na casa de comidas do Tio Alfredo que era propriedade do Avelino José Carvalheda mais conhecido por Avelino Rato. Foi aí que começou o Desportivo.
Quem foi o responsável pelo nome dado ao Clube?
Nessa altura quando o Desportivo começou a praticar futebol, não existia actividade noutros Clubes pois o Sport, o 1º Maio e o Imparcial, Clubes que foram criados para o futebol, estavam parados.Entretanto o Sport e o 1º de Maio acabaram ficando só o imparcial embora sem actividade. Assim e como não existia um Clube com o nome ligado à nossa terra, a ideia partiu do João Mitra de ser Grupo Desportivo Alcochetense.
E quanto ao equipamento. Qual a razão de verde e branco?
A escolha do equipamento ser à Sporting foi motivada por a maioria da rapaziada que formou o Clube serem Sportinguistas, que era o meu caso, embora houvesse alguns que o não eram.
Em que campo disputavam os jogos?
Nessa época não tínhamos campo embora existisse um que era da Câmara. Tivemos problemas pois não nos autorizavam a jogar lá. Eu era escrevente das marinhas do Sr. Dias de Sousa e então juntamente com o António Lopes e o Artur Rodrigues, que era meu primo, fomos falar com ele e pedimos-lhe se nos deixava fazer um campo numa cabeceira da marinha do Brito, no caminho das secas de bacalhau. O Sr. Dias de Sousa deu-nos autorização e lá construímos o Campo da Praia só que o terreno era muito areoso e até lhe chamávamos o "amansa cavalos".
Quem era o treinador da equipa?Quando começámos não tínhamos bem treinador, mas era o João Eduardo Canteiro quem tomava conta da equipa.
Quem era o treinador da equipa?Quando começámos não tínhamos bem treinador, mas era o João Eduardo Canteiro quem tomava conta da equipa.
Hoje os jogadores têm compensações e transportes. Como era no seu tempo?
Todos os que jogavam não recebiam nada e até os transportes eram de nossa conta. Quando íamos por exemplo à Costa da Caparica jogar íamos de barco e as despesas eram suportadas por nós.
Onde se localizava a primeira Sede?
Durante algum tempo não tivemos sede e equipavamos numa adega que existia na Rua Senhora Santana e íamos a pé até ao campo para jogar. A primeira sede foi na Rua do Troino no primeiro andar que faz esquina com a Rua José André dos Santos.
Ainda chegou a jogar no Campo de Jogos, que é propriedade do Clube junto à E.N. 119?
Sim joguei lá. O "Foni", que antes pertenceu ao "Sport", que veio a acabar, comprou o campo para o Desportivo e passámos a jogar lá e nessa altura os postes de electricidade estavam junto às linhas laterais do campo.
Além de jogador também foi director?
Sim fui director e tratava dos assuntos do Clube deixando muitas vezes o meu estabelecimento com esse fim. Participei também em reuniões da Associação de Setúbal.
Houve uma tentativa para uma fusão com outro clube da terra. Como foi isso?
De início as primeiras quotas eram dez tostões mas as pessoas aderindo ao Desportivo e ganhámos força.Então algumas pessoas do Imparcial juntaram-se a nós e foram bem recebidas. Mais tarde e porque o Imparcial estava inactivo outras propuseram que fosse feita essa fusão e fez-se uma assembleia. Só que a maioria não aceitou e aí veio a desunião e a grande rivalidade entre as duas colectividades.
Sabemos que o seu fervor clubista fez com todos os seus familiares sejam sócios do Desportivo.
Eu e a minha mulher somos sócios. A minha filha quando nasceu também a inscrevi e às minhas netas também. Somos todos do Desportivo.
Gostaríamos de ouvir uma história curiosa que se tivesse passado consigo ligada ao Clube.
Houve uma situação num jogo com o Imparcial que se passou comigo e com o João Rei na altura em que eramos jogadores. Os árbitros faziam a chamada dos jogadores para entrarem em campo. Nós não tinhamos os cartões mas íamos jogar. Então quando chamaram os nomes do "Bronze" e do "João Tomé" eu e o João Rei respondemos como se fossemos eles. Jogámos e não houve problema. Só que mais tarde vieram a aperceber-se disso e foram apresentar queixa à Federação, que nessa altura tinha a sede na Praça do Camões em Lisboa. As nossas fichas estavam em Setúbal mas a Associação não tinha enviado os cartões. Fomos então castigados com dois jogos cada um por termos mentido.
O que acha do actual Desportivo?
Está no bom caminho e encontro-me muito satisfeito com o que se está a passar. No entanto em termos futebolísticos lembro o tempo da segunda divisão nacional e a elimanatória com o Sporting para a Taça de Portugal, que foram pontos altos na vida do nosso Clube.
Demos a conhecer ao nosso entrevistado os projectos que existem para desenvolver, como o complexo de piscinas, a auto-construção das garagens, o furo de captação de água e o loteamento do campo de jogos e quizemos saber. Qual a sua opinião?
Tem que haver iniciativa e sobre isso que me contam só posso dizer que é uma coisa boa para o Desportivo.
Qual o seu maior desejo para o futuro do Desportivo?
Em primeiro lugar sermos amigos do Desportivo e fazermos tudo o que pudermos pelo Desportivo."
In "GDA Revista" s/d
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