20 outubro 2011

O viveiro de Forcados





O Forcado

Quem o inventou criou-o português. 
Murmura uma prece, abraça o toiro, entrega toda a sua essência e, num silêncio humilde, guarda a coragem numa partilha íntima. A pega é o mais emocionante respeito pelo que se teme. É o mais entregue temor pelo que se respeita.

Amadores na alma e no ser, os forcados começaram por organizar-se, tal como hoje, em grupos de homens a quem se pedia que dominassem a força do toiro com os ‘forcados de mosquete’, na arena, junto ao acesso à escadaria real, segundo registos que remontarão há mais de quinhentos anos atrás. Eram alabardeiros ou monteiros já então comandados por um cabo com características militarizadas que aliás não se perderam hoje: continuam a ser ‘capitaneados’ por um ‘cabo’, chamam ‘farda’ ao traje de forcado, dão a direita ao cabo nas cortesias e mantém-se uma hierarquia de antiguidade em relação a elementos antigos já saídos do grupo.
De grupos de alabardeiros, defensores dos nobres que assistiam às touradas, passam a rematar a lide dos toiros com as suas pegas por força de um decreto régio de D. Maria II, em 1836, que proibia a morte dos toiros na arena. Chamaram-lhes ‘Moços de Forcado’ por causa dos forcados de mosquete que tradicionalmente utilizavam para defesa da escadaria real. 
A História foi conduzindo a senda dos forcados até aos dias de hoje.
Pegar toiros é também uma forma de Portugal se cumprir. Na coragem da tradição, no compromisso com a vida, na entrega à sorte, na honra da pega, no cumprimento de uma memória que se quer futura.
 Amadores de Alcochete

A 24 de Junho de 1971 é fundado o Grupo de Forcados Amadores de Alcochete, numa saudosa reunião efectuada no Moinho de Vento no Canto do Pinheiro de Alcochete.
Na qual se juntaram os forcados João Perinhas Mimo, Gregório Bolota, José Barrinha da Cruz, Francisco Sequeira, Aníbal Pinto, Alberto Silva, José Pinto, Estêvão Augusto de Oliveira, Filipe Sequeira, Manuel Pinto, Augusto Henrique de Oliveira, António José Pinto, João Rei, João Barata da Silva, Manuel Jorge Marques, António Manuel Cardoso aos quais se juntaram os amigos António Seabra da Cruz, António Faria dos Santos, Francisco da Costa Salvação, Paulo Penim, Vítor Marques e Joaquim da Costa Godinho.
É pelo comando de João Perinhas Mimo que o Grupo de Forcados Amadores de Alcochete se apresenta pela primeira vez em Praça, a 21 de Agosto de 1971 na Praça de Toiros Amadeu dos Santos, no Montijo perante seis Toiros de Rio Frio.
De João Perinhas Mimo, cabo fundador, destaca-se o seu forte poder de organização, capacidade de liderança, flexibilidade e sensibilidade para lidar com tão ingrata tarefa de conduzir um novo grupo. Comandou até Abril 1984, ano em que se despede, em Alcochete, perante toiros de Paulo Caetano. Após catorze épocas de chefia sábia, entrega ao seu sucessor um grupo bem consolidado, prestigiado e com os seus princípios bem definidos.
António Manuel Cardoso foi o forcado eleito para comandar o Grupo entre 1984 e 1995. É sob a sua responsabilidade que, nesta década, o grupo não só atinge o topo da tauromaquia nacional, como a tragédia lhe bate há porta. A morte repentina, e em tão pouco tempo, de dois jovens forcados na posse de todas as faculdades físicas e técnicas para pegar toiros, deixa o Grupo chocado e abalado durante muito tempo.
Nestes momentos duros, difíceis e dolorosos, emergiu um enorme sentido de unidade de todos quantos vestiram a sua “jaqueta” e, em conjunto, foi possível ultrapassar esta fase mais crítica. Queremos realçar também a solidariedade de todos os outros grupos.
A força e a união do Grupo fizeram com que este período difícil fosse ultrapassado, com muito sofrimento é certo, mas vencido e com a certeza de ter tornado o Grupo mais forte perante qualquer adversidade. António Manuel Cardoso retira-se a 31 de Agosto de 1995, na Praça de Toiros do Campo Pequeno, com Toiros de António Coelho Charrua.
Sucede-lhe João Pedro Bolota. Forcado de eleição, de vida dedicada à arte de pegar toiros e ao seu Grupo, este cabo mantém o Grupo durante o seu comando na senda dos antecessores com actuações de grande mérito e presenças assíduas nas melhores feiras taurinas, permitindo ao Grupo continuar a figurar no “escalafon” dos “Românticos” da Festa Brava.
A 1 de Julho de 2007, em Alcochete, e perante um Curro de Toiros de Pinto Barreiros, João Pedro Bolota despe a “jaqueta das ramagens” após uma carreira de 33 anos de forcado e entrega o comando a Vasco Pinto.
Empenhado, orgulhoso da Terra e do seu grupo, Vasco Pinto emprega-se numa liderança na continuidade emprestando-lhe uma visão actual e activa.
No Historial do Grupo, constam actuações em todo o País e Ilhas, Espanha, França e Estados Unidos da América. De realçar a presença na primeira Corrida “Goyesca” com forcados, aquando do 2º Bicentenário da Praça de Toiros de Ronda, realizada a 7 de Setembro de 1985, na qual foram pegados dois toiros em pontas da ganadaria de D. Belen Ordoñez.
Sendo Alcochete conhecida pela sua aficción e terra de antigos e famosos forcados, cabe aos actuais a responsabilidade de honrarem a imagem do forcado alcochetano, assim como darem a conhecer a outros povos e culturas, esta genuína, única, e tão “nobre arte de forcado português”.
É certo que nos esperam momentos de sorrisos e de lágrimas, optimismo e angústia, medos e valentia mas, com o apoio de antigos elementos, amigos, familiares, e essencialmente com a amizade e a união fomentada em muitas tardes e noites de “toiros”, tudo será recompensado!

Amadores do Aposento do Barrete Verde
O Grupo de Forcados Amadores do Aposento do Barrete foi fundado a 22 de Maio de 1965, no seio do Aposento do Barrete Verde tendo como primeiro cabo José Luís Carapinha Rei, à frente de um grupo de forcados constituído por Manuel Pinto, Aníbal Pereira, Eduardo da Costa Vantacich, Luciano do Carmo Pinto, Gregório Bolota, João Mimo, António Tavares, José Pinto e José Gomes e, mais tarde, Augusto Henrique, Francisco Giro e Luís Cebola.




O grupo faz a sua apresentação na Praça de Touros de Alcochete a 9 de Agosto desse ano, num festival de homenagem ao Aposento do Barrete Verde, que integrava no cartel, os cavaleiros Pedro Louceiro, João Núncio e José Samuel Lupi. O espectáculo taurino foi abrilhantado pela fabulosa Banda da Sociedade Imparcial 15 de Janeiro de 1898.


Em 1967 António Luís Penetra foi nomeado cabo, e sob a sua orientação o grupo alcança grandes êxitos, destaque para a mais alta distinção atribuída a um Grupo de Forcados – O Prémio da Imprensa, em 1968, afirmando-se de forma inegável no mundo taurino, tornando-se uma referência para a forcadagem da época.  

Em 1981, Luís António da Piedade Cebola assume a liderança e aposta na renovação e na juventude, ao criar o Grupo de Forcados Juvenis, que muitos forcados daria a Alcochete, alguns deles ainda hoje se encontram no activo. O Grupo de Forcados do Aposento do Barrete Verde desloca-se a corridas no estrangeiro, por terras de Espanha e França, e participa na Corrida TV, sendo considerado pela crítica especializada como um dos melhores Grupos de Forcados, em 1991. 

A 24 de Junho de 1993, Joaquim José Penetra assume a liderança na corrida realizada na Praça de Toiros de Setúbal. Ainda na década de 90, os Forcados do Barrete Verde alcançam imensos êxitos em importantes praças de Portugal e Espanha. Luís Miguel Cebola, filho do antigo Cabo Luis António Cebola, forcado de referência no panorama nacional, assume em 1995 a direcção do Grupo, honrando com mérito e grande louvor a jaqueta do Barrete Verde. 

Os anos de 2002 a 2004 são testemunho de grandes triunfos alcançados com o Troféu de Melhor Pega, nas Festas Sanjoaninas e na Corrida da TVI. 2003 é também um ano de consagração do êxito do grupo que recebe a distinção da crítica especializada como “Melhor Grupo” da temporada, atribuídas pela Revista “Campo e Arena” e Jornal “Farpas”. No mesmo ano, o referido Jornal distingue João Miguel Pinto Salvação com o Troféu “Forcado do Ano”. Este jovem assume a direcção do Grupo de Forcados em Agosto de 2005, ano em que é distinguido com o Troféu de Melhor Pega no Concurso de Ganadarias da Feira de Arruda dos Vinhos, e que o grupo perfaz 40 anos de êxitos, de garra e bravura nas arenas.

Pode-se encontrar mais informação, aqui: Forcados e gente da festa brava em Alcochete. Texto baseado em testemunhos de José Barrinha da Cruz, onde contam algumas particularidades da nossa gente. 

Fontes: Site Forcados Amadores de Alcochete
             Site da CMA
             Site da AIPD

Foto: Forcados Amadores de Alcochete

18 outubro 2011

A greve do Sal

A AIPD é uma organização, cuja missão consiste em promover o desenvolvimento das potencialidades dos cidadãos, estimulando a sua autonomia, formação, individualidade e excelência através do combate de alguns factores e exclusão social, privilegiando o desenvolvimento de respostas sustentáveis ajustadas às necessidades identificadas, de forma a contribuir para uma sociedade mais justa e solidária.

O seu site é um autêntico tesouro à história de Alcochete, contendo documentos únicos reunidos, por pessoas que reúnem pedaços dos acontecimentos do concelho e da região.

Desta forma, fui encontrar duas páginas muito completas sobre a greve dos Salineiros de 1957, onde identifico histórias familiares contadas por meu avô, também ele vitima de perseguição.

Aqui ficam então os links:



Vasculhando mais o site no separador próprio, existem mais informações sobre a história de Alcochete.