Talvez a mais negra mancha da história da Humanidade entrou-nos portas dentro. Numa localidade onde todos pensamos estar seguros e que tudo de mal apenas acontece aos outros, a História mostra-nos o contrário. Deixo-vos o testemunho histórico, sem querer fazer qualquer valor de juízo à Igreja, do que se pode encontrar na Torre do Tombo, sobre o Santo Oficio.
Estes processos são os sumários de arquivo de naturais e moradores de Alcochete dos séc XVI, XVII e XVIII, com processos no Tribunal do Santo Oficio.
Processo de Fernão Cardoso: Cristão-Novo
12/02/1558-15/05/1558 Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa,
proc. 5766
Crime/Acusação: Judaísmo
Estes processos são os sumários de arquivo de naturais e moradores de Alcochete dos séc XVI, XVII e XVIII, com processos no Tribunal do Santo Oficio.
Processo de Fernão Cardoso: Cristão-Novo
12/02/1558-15/05/1558 Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa,
proc. 5766
Crime/Acusação: Judaísmo
Estatuto Profissional: Mercador
Naturalidade: Alcochete
Morada: Lisboa
Pai: Bento Cardoso Mãe: Isable Fernandes
Estado Civil: Casado
Nome do Cônjuge: Leonor Henriques
Data da Prisão: 12/02/1558
Data da Sentença: [15]/05/1558
Data do Auto de Fé: [15]/05/1558
Outros Dados: O RÉU FOI A AUTO-DE-FE NA RIBEIRA DE LISBOA; APRESENTOU PETIÇÕES:
1) PARA LHE COMUTAREM A PENITÊNCIA PARA O BAIRRO (DEFERIDA)
PARA SER SOLTO E LHE TIRAREM O HÁBITO PENITENCIAL (DEFERIDA); PARENTES PRESOS: A MULHER, LEONOR HENRIQUES (FALECEU NOS CÁRCERES DA INQ.) E O PARENTE DINIS MENDES; 24 FLS., M.C., MANCHADO
Cristão-novo, acusado(a) de Judaísmo, com a profissão de Mercador, natural de Alcochete, morador em Lisboa, de 40 anos de idade, filho de Bento Cardoso e de Isabel Fernandes, Casado com Leonor Henriques. Sentença: Abjuração em forma; cárcere e hábito perpétuo.
Processo de Matias Pereira
Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa, proc. 83
08/08/1671
Frei, acusado(a) de Solicitação, com a profissão de Religioso da Ordem do Ermita de Stº. Agostinho; sacerdote; pregador, natural de Alcochete, morador em Convento de N. Snr.ª da Graça, Lisboa, de 50 anos de idade, filho de Manuel Pereira de Faria e de D. Maria Correia, Sentença: em 08/10/1671, Abjuração de leve; privado de voz activa e passiva e do poder de confessar; 5 anos de suspensão das ordens; 10 anos de reclusão no Convento de Penafirme
Processo de Manuel Fernandes
26/06/1543
Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa, proc. 6207
Cristão-novo, acusado(a) de Participar na fuga de um preso do Santo Ofício; impedir o recto ministério do Santo Ofício, com a profissão de Escrivão, morador em Alcochete, Sentença: Não se provou a participação na fuga.
Processo de Pedro [Pero] Corte Real
22/12/1536-27/7/1543
Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa, proc. 8723
Acusado de Luteranismo e posse de livros proibidos, é fidalgo da Casa d`El Rei, morador em Alcochete, também possuí habitação Lisboa, à Madalena, é viúvo de Isabel de Novais, foi preso nos cárceres de Lisboa, tendo sido sentenciado em Auto de Fé, no dia 26 de Março de 1542, com as sentenças de ir ao Auto de Fé, onde abjure em forma os seus erros heréticos, tenha cárcere por um período de cinco anos num mosteiro que lhe convenha, pague as custa e trezentos cruzados anuais para obras pias. A 25 de Outubro de 1542 pede revisão de sentença tendo-lhe sido concedido um dia semanal para sair do cárcere.
Processo de Jacinto Ferreira
12/9/1758-8/3/1759
Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa, proc. 8907
Acusado de Judaísmo, é oficial de cabeleireiro, natural de Alcochete e morador em Lisboa, junto ao Pombal, freguesia de Santa Isabel, tem 15 anos de idade e por ser menor de 25 foi-lhe nomeado Curador o Pe. Clemente Xavier do Santos, Capelão dos Cárceres desta Inquisição, filho de António Ferreira Dourado, homem de negócio, e de Filipa Joaquina, natural de Santarém, que o seu avô materno se chamava Cristóvão da Costa, é solteiro, tendo sido sentenciado em Mesa, no dia 02 de Março de 1759, com as sentenças de abjuração em forma dos seus erros heréticos, tenha penas e penitências espirituais, instrução na Fé e pague as custas. Foi solto a 08 de Março de 1759
Processo de Henrique Valente de Oliveira
17/8/1655-10/1/1658
Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa, proc. 10646
Acusado de impressão clandestina, é impressor de livros, natural de Alcochete e morador em Lisboa, tem 35 anos de idade, pouco mais ou menos, filho de Manuel Nunes da Costa e de Brites Valente, naturais de Alcochete, é solteiro, tendo sido sentenciado em Auto de Fé, no dia 19 de Novembro de 1657.
1) PARA LHE COMUTAREM A PENITÊNCIA PARA O BAIRRO (DEFERIDA)
PARA SER SOLTO E LHE TIRAREM O HÁBITO PENITENCIAL (DEFERIDA); PARENTES PRESOS: A MULHER, LEONOR HENRIQUES (FALECEU NOS CÁRCERES DA INQ.) E O PARENTE DINIS MENDES; 24 FLS., M.C., MANCHADO
Cristão-novo, acusado(a) de Judaísmo, com a profissão de Mercador, natural de Alcochete, morador em Lisboa, de 40 anos de idade, filho de Bento Cardoso e de Isabel Fernandes, Casado com Leonor Henriques. Sentença: Abjuração em forma; cárcere e hábito perpétuo.
Processo de Matias Pereira
Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa, proc. 83
08/08/1671
Frei, acusado(a) de Solicitação, com a profissão de Religioso da Ordem do Ermita de Stº. Agostinho; sacerdote; pregador, natural de Alcochete, morador em Convento de N. Snr.ª da Graça, Lisboa, de 50 anos de idade, filho de Manuel Pereira de Faria e de D. Maria Correia, Sentença: em 08/10/1671, Abjuração de leve; privado de voz activa e passiva e do poder de confessar; 5 anos de suspensão das ordens; 10 anos de reclusão no Convento de Penafirme
Processo de Manuel Fernandes
26/06/1543
Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa, proc. 6207
Cristão-novo, acusado(a) de Participar na fuga de um preso do Santo Ofício; impedir o recto ministério do Santo Ofício, com a profissão de Escrivão, morador em Alcochete, Sentença: Não se provou a participação na fuga.
Processo de Pedro [Pero] Corte Real
22/12/1536-27/7/1543
Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa, proc. 8723
Acusado de Luteranismo e posse de livros proibidos, é fidalgo da Casa d`El Rei, morador em Alcochete, também possuí habitação Lisboa, à Madalena, é viúvo de Isabel de Novais, foi preso nos cárceres de Lisboa, tendo sido sentenciado em Auto de Fé, no dia 26 de Março de 1542, com as sentenças de ir ao Auto de Fé, onde abjure em forma os seus erros heréticos, tenha cárcere por um período de cinco anos num mosteiro que lhe convenha, pague as custa e trezentos cruzados anuais para obras pias. A 25 de Outubro de 1542 pede revisão de sentença tendo-lhe sido concedido um dia semanal para sair do cárcere.
Processo de Jacinto Ferreira
12/9/1758-8/3/1759
Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa, proc. 8907
Acusado de Judaísmo, é oficial de cabeleireiro, natural de Alcochete e morador em Lisboa, junto ao Pombal, freguesia de Santa Isabel, tem 15 anos de idade e por ser menor de 25 foi-lhe nomeado Curador o Pe. Clemente Xavier do Santos, Capelão dos Cárceres desta Inquisição, filho de António Ferreira Dourado, homem de negócio, e de Filipa Joaquina, natural de Santarém, que o seu avô materno se chamava Cristóvão da Costa, é solteiro, tendo sido sentenciado em Mesa, no dia 02 de Março de 1759, com as sentenças de abjuração em forma dos seus erros heréticos, tenha penas e penitências espirituais, instrução na Fé e pague as custas. Foi solto a 08 de Março de 1759
Processo de Henrique Valente de Oliveira
17/8/1655-10/1/1658
Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa, proc. 10646
Acusado de impressão clandestina, é impressor de livros, natural de Alcochete e morador em Lisboa, tem 35 anos de idade, pouco mais ou menos, filho de Manuel Nunes da Costa e de Brites Valente, naturais de Alcochete, é solteiro, tendo sido sentenciado em Auto de Fé, no dia 19 de Novembro de 1657.
4 comentários:
Dou-lhe os parabéns, pelo blog.
Sem duvida existem poucos comentários, porque esta matéria deveras interessante, não atrai muita gente. A cultura é ainda um parente pobre neste nosso pobbre país.
Continue e muitos parabéns.
Não há a menor dúvida de que os nomes dos acusados são ancestrais de algumas das famílias tradicionais que, felizmente, ainda hoje vivem entre nós.
O Santo Ofício foi uma "negra mancha", mas não «...a mais negra mancha da história da humanidade...», porque esta foi o nazismo e o comunismo, no fundo a mesma coisa.
Correcção aceite e sem duvida concordante.
Um Abraço
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