11 fevereiro 2014

Igreja Matriz - Parte III


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Hino da Restauração do Concelho de Alcochete








(…) A população do Concelho secundou a da Vila com o mesmo entusiasmo. Chorava-se de satisfação. Chorava-se de alegria.

Nas ruas pejadas de gente, abraçavam-se uns aos outros. A filarmónica, reunida à pressa, percorreu as ruas da Vila, no meio de muito povo, de muitos vivas, de muito fogo, tocando o “Hino da Restauração”esse hino que um alcochetano compôs, (João Baptista Nunes Júnior) e que todos nós alcochetanos sabemos cantar e sentir.

Ia, enfim, soar a hora da libertação!

- Duas semanas depois, no dia 30 de Janeiro, entrava solenemente nos seus Paços Municipais, o Arquivo do Concelho de Alcochete, não trazido por um simples oficial de diligências, mas sim pelas mãos fidalgas de D. António Pereira Coutinho, o primeiro presidente do Município restaurado.- Muito propositadamente o fora buscar em pessoa a Aldegalega, o ilustre Marquês de Soydos, com D. João Pereira Coutinho, António Luís Nunes e José Francisco Evangelista.
A população inteira, acompanhada pela filarmónica, esperou, fremente de alegria e comoção, à entrada do Concelho (...) – À noite não houve edifício público, não houve casa particular, rica ou pobre, grande ou pequena, que não iluminasse a sua fachada em sinal de regozijo. – E desta forma começaram as festas da “Restauração”. (...)
(…) Grande banquete na sala nobre do Palácio Pereira Coutinho, durante o qual a filarmónica executou vários trechos musicais, e finalmente, como fecho da festa, uma imponentíssima marcha luminosa, apoteose formidável, extranha faixa de luz, melhor, de fogo, alastradora, interminável, por toda a beira-rio, onde dezenas de barricas, alcatroadas, ardiam fantàsticamente. E, para tudo haver nessa marcha rubra de calor e frenesi, nem faltaram mãos delicadas de mulheres, sustentando, gentis e orgulhosas, clássicos e portuguesissimos archotes.
Assim terminaram, exuberantes de alegria e de nobreza, as grandes Festas da Restauração, consoladora recompensa de dois anos de martírio, estupenda manifestação de uma liberdade reconquistada.
José Grilo Evangelista

Restauração do Concelho de Alcochete - Exortação aos Novos,
In: Jornal A voz de Alcochete, Nº 7, Ano I, Janeiro de 1949



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Hino da restauração do concelho de Alcochete

Povo, acorda p'rá glória
da nossa mãe e terra amada.
Leu e escreveu a vitória,
Alcochete restaurada.

És livre, és livre, portanto,
não há já que duvidar.
Haja riso cesse o pranto
e vamos todos a cantar.

Refrão

Povo irmão valente,
nobre povo e gente,
se queres morrer
herói e vencedor
abraça a união
e dá-lhe o coração,
que terás a glória e o amor.

Se mais tarde a tirania
nos quiser martirizar,
basta apenas este dia
para nos desafrontar.

E se lermos o passado
na história livro fiel,
veremos com D. Manuel
o nosso nome gravado.

Refrão

Povo irmão valente,
nobre povo e gente,
se queres morrer
herói e vencedor
abraça a união
e dá-lhe o coração,
que terás a glória e o amor.


Fonte: Cleva e Andante