16 novembro 2007

Augusto Emilio Zaluar

Nasceu em Lisboa a 14 de Fevereiro de 1826, faleceu no Rio de Janeiro em Abril de 1882.
Era filho do José Dias de Oliveira Zaluar, major graduado, que servira de comissário pagador da divisão dos Voluntários Reais de El-Rei, na campanha do Rio da Prata, antes da independência do Brasil. Augusto Zaluar, achando-se habilitado com todos os preparativos necessários para os cursos de instrução superior, matriculou-se no 1.º ano da Escola Médico-cirúrgica de Lisboa, disposto a seguir esses estudos, mas o seu talento era especialmente literário, e as ciências pouco o atraíam. Depois de se ter deixado arrastar pela paixão revolucionaria, e de se ter alistado nas tropas populares que fizeram a revolução de 1844, sob as ordens da Junta do Porto, resolveu se a abandonar o estudo da medicina e dedicar-se exclusivamente ás letras. Colaborou em diversos jornais de Lisboa, o na Epocha, Jardim das damas, Revista popular e outras publicações daquele tempo, se encontram poesias suas. Em 1816 publicou um folheto intitulado Poesias, primeira parte. Vendo que nas letras não encontrava os meios de subsistência que esperava, decidiu ir para o Brasil, e para ali partiu em 1849, chegando ao Rio de Janeiro a 3 de Janeiro de 1850. Tratou então do viver dos seus trabalhos literários e jornalísticos, conseguindo alcançar grande popularidade, sendo a sua colaboração muito requestada por todos os jornais. Fez parte algum tempo da redacção do Correio Mercantil e do Diario do Rio de Janeiro; em Petrópolis foi redactor principal de Parahiba, e em Santos da Civilisação. Compôs e traduziu várias peças dramáticas para os teatros, mas 6 anos depois, em 1856, naturalizou-se cidadão brasileiro. Nunca mais voltou a Portugal. Publicou alguns dos seus trabalhos, sobre questões económicas e administrativas do Brasil, e outras literárias.


O poema que vos deixo abaixo, tem uma particularidade... Foi escrito em Alcochete em 1846.
Fontes. Google Books; Arqnet

14 novembro 2007

Local de descanso







Alcochete era local de descanso de reis. Os seus “bons ares” eram muitas vezes a razão principal para o restabelecimento da saúde do soberano.



Na “Historia de Geral de Portugal e suas conquistas” de Damião António de Lemos Faria e Castro, podemos verificar que também a D. João I foi sugerido um descanso em Alcochete.
Esta obra data de 1787.


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Fontes: Google Books

Alcaxete







Parece ser do conhecimento comum que Alcochete deriva do Árabe "Alcaxete" que significa fornos, e cuja origem se pensa dever a grandes fornos para cozer barro que aqui existiram.

Frei João de Sousa publicou em 1789 “Vestigios da lingua arabica em Portugal ou Lexicon ethymologico de palavras e nomes portuguezes que teem origem arabica, composto por ordem da Academia Real de Lisboa”. Esta obra saiu muito mais tarde, em 2.ª edição, no ano de 1830, com adições e correcções de um grande artista português Frei João de Santo António Moura. Esta obra deu-lhe uma reputação europeia e ao mesmo tempo copiava na Torre do Tombo os documentos arábicos que existem ali, e publicava 58 com a tradução ao lado do texto original escrito em caracteres arábicos.




Na página 107 desta obra podemos então encontrar o seguinte:




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Fontes: Arqnet ; Google Books; BN Digital

05 novembro 2007

Um testemunho





LEMBRO-ME MUITO MAL DA AVÓ ANA
por Maria do Rosário de Fátima de Almeida Lima Quintella

"Tinha dois anos quando ela morreu.
O Pai e a Mãe transmitiram-me uma imagem de alguém que congregava as pessoas à sua volta. Aparece-me como um ponto centrifugador, com certeza que pela atenção e amor que dispensava
aos outros! Em todos os retratos, que o meu Pai (Joaquim Pedro d'Orey Quintella) lhe tirou, a Avó tem uma atitude activa: tem um bebé ao colo, ou mostra livros aos netos ou faz tricot, também para algum concerteza! Devia ser uma boa companheira, porque muitas sobrinhas a adoravam, assim como os irmãos, e muitas vezes passava épocas em casa deles. Os meus pais, que se casaram no mesmo dia que a tia Helena (Maria Helena Oom de Almeida Lima) e o tio Manuel (Manuel Eduardo d'Orey Quintella), dois irmãos com duas irmãs, viveram os primeiros anos de casados na Quinta do Carmo. Fixaram-se depois em Alcochete. Tinha sido formada a S.A.E.S.- Sociedade Agrícola Exploradora de Sal, SARL, hoje SA e o Pai ficara seu administrador. Em Alcochete, a 1ª casa para onde foram morar foi para a casa da marinha dos Pinheirinhos, uma casa muito gira mas completamente sozinha, no meio dos muitos lagos que constituem uma marinha, e cujo único ruído era o piar das aves aquáticas. Hoje os Pinheirinhos fazem parte do Museu do Sal, avistam-se da ponte Vasco da Gama, ainda com a barra azul como outras casinhas de marinha, era a característica da"casa"(1) pela sua tendência monárquica. Na sua época áurea, a S.A.E.S compunha-se de 17 marinhas, cobriam uma área bastante grande que me é difícil calcular. A maior, com uma grande diferença das outras, tinha 400 ha. Cada marinha tinha um marnoteiro e dois criados de marinha, mais os empregados e caseiros das quintas e os feitores seriam uns 57 empregados efectivos. O trabalho nas marinhas era sazonal, começava em Maio e acabava em Outubro, se não chovesse antes. Além da limpeza da marinha, o seu trabalho consistia na rapação do sal, que empregaria uns 150 assalariados à semana e no carrego do sal, que era à jorna, e que consistia em carregar o sal numa canastra à cabeça para os muros das marinhas ou para as fragatas, pois era por este meio que se fazia o seu transporte. O Pai, com muito jeito para a fotografia, encarregou-se de fotografar alguns aspectos desta actividade, os quais apresento alguns exemplares. Foram depois viver para a casa da Vila, hoje casa do Aposento e do Café Barrete Verde. Depois viveram em Vale Figueira. Foi aí que eu apareci! Fui muito renitente em vir a este mundo! Durante sete anos os meus pais marcharam para Fátima no dia 13de Maio! No oitavo ano não conseguiram ir no dia 13. Foram no dia 14! Nasci a 14 de Fevereiro! A avó Ana, já doente, estava atenta aos problemas dos filhos. Nesse 13 de Maio, estando a ouvir, com a minha Mãe a transmissão de Fátima, virou-se para a Mãe e disse:
- Já rezei por vocês e pelo vosso assunto. Com muita convicção e por todas as suas vidas, me consideraram uma graça de Nossa Senhora, daí o nome que tenho. Nasceram depois três manos, o Reguim (Joaquim Pedro de Almeida Lima Quintella), a Mariazinha (Maria Clotilde de Almeida Lima Quintella) e o Paulo (José Paulo de Almeida Lima Quintella). A viver em Alcochete, sem filhos, a Mãe dedicou-se profundamente à Igreja. Reorganizou a catequese, que não havia desde a implantação da República. Daí o Padre Cruz lhe ter ficado imensamente grato. Ainda guardamos os papelinhos que Ele escrevia à Mãe a preparar primeiras comunhões ea agradecer. Também o Pai lhe servia de “chaufeur” para visitar as prisões, preocupação PRIMEIRA deste Senhor. Depois de nascer o meu irmão Reguim já fomos viver para Vale de Mouros, propriedade que ainda temos. Simultaneamente, o tio Xavico (Francisco Xavier d'Orey Quintella), que também tinha vindo para Alcochete, instalava-se em Valbom. Era o pós guerra, as nossas deslocações eram sempre em carros de cavalos. Nessa quinta havia um picadeiro. A "casa" tinha uma criação de cavalos e muitos de nós montávamos.
Para cá chegar era uma viagem comprida e às vezes complicada com marezadas, daí as nossa visitas, nesse tempos, virem para ficar.. Passavam connosco, dias e às vezes meses. Lembro-me que a tia Luisa Quitella, desde Vale Figueira, vinha passar um verão muito prolongado connosco. Os seus últimos 7 anos foram passados em nossa casa e cá morreu. Amigas da Mãe passavam cá semanas!
Os últimos anos de solteira da Isabelinha (prima do lado Quintella) cá foram passados.
Estou a escrever em Alcochete, para onde venho bastante com o meu irmão Reguim. A minha irmã Mariazinha, que Deus já chamou a si, VIVIA imenso esta vida de Alcochete. Adorava festejar os anos com caldeiradas, feitas pelo João Abílio, e vinha muita gente!
Normalmente era domingo e a festa começava com a missa das 11 e meia. Era muito animado.
Sempre que venho para Alcochete, no caminho, sinto-me a voltar à casa mãe! "

(1)"casa" designação que os Alcochetanos
usavam em relação a tudo que era da

Fonte: Revista D´Orey

Foto: CLoia In http://www.olhares.com/CLoia


S.A.E.S