25 agosto 2006

Interessante descrição

Neste Site, fui encontrar uma interessante descrição da nossa freguesia. Aqui fica:
"A antiga vila de Alcochete é de povoamento muito antigo, bem anterior à fundação da Nacionalidade. A data da sua primeira ocupação não pode ser determinada, mas o seu topónimo expressa bem a ligação ao mundo árabe e a manutenção do seu uso certifica a continuação do povoamento, desde essa época.
Na toponímia da própria freguesia de Alcochete, além deste vocábulo, há outros dois que corroboram esta antiguidade, são eles Carias e Alva e, Barroca d'Alva. Estes três topónimos representam três momentos da história desta região, mais ou menos sucessivos. Alcochete representa o domínio muçulmano, Carias a ocupação moçárabe e Alva o repovoamento, com gente do norte, desta área, após a reconquista.
A ocupação arábica de Alcochete não surpreende visto estar inserido numa região de domínio muçulmano efectivo e florescente, não longe de Lisboa e no termo do castelo de Palmela, que, com efeito, ia do estuário do Sado ao do Tejo ao mar. Alcochete era um domínio desta notável fortaleza árabe e continuou a sê-lo depois da Reconquista Cristã no ano de 1147. A povoação de Alcochete entrou nos domínios da Ordem de Santiago quando esta recebeu em seu domínio e guarda a península que os dois estuários formam com o mar. É deste período de domínio da milícia espatária que data o repovoamento e a presença dos frades senão professos pelo menos afiliados.
O local manteve-se sem importância de maior significado até ao século XV altura em que o grão-mestre da Ordem de Santiago era D. Fernando, filho do rei D. Duarte, e escolheu Alcochete para sua residência, com fidalgos da sua casa. O infante fez notáveis construções com os seus vassalos, aumentando de tal forma a importância da povoação a ponto de D. João II a elevar à categoria de vila. O rei D. Manuel que, pelo que todos os indícios apontam, aqui nasceu em 31 de Maio de 1469, concedeu-lhe foral, em Lisboa, a 7 de Janeiro de 1515. Alguns autores afirmam, no entanto, que a tradição municipal de Alcochete remonta a épocas anteriores, pelo menos ao século XIV. O dr. Rui de Azevedo afirma que este concelho era constituído por pequenas “pobras” da orla transtagana em poder da Ordem de Santiago, formadas, em grande parte, como medida para proceder à exploração de salinas desde o segundo quartel do século XIII. Estaria então integrado nos denominados “concelhos do Ribatejo” que viria a desaparecer quando dois dos lugares que o integravam, Aldea Galega e Alcochete, se lhe sobrepuseram em importância.
Alcochete teve o seu nome associado à aristocracia portuguesa. Os Barões de Alcochete, de que o primeiro foi Bernardo Daupiás, nascido a 9 de Novembro de 1782 em Lisboa, foi Comendador de Cristo, Cavaleiro da Conceição, oficial da Legião de Honra em França, do Conselho de Sua Majestade, Conselheiro de Legação e Cônsul Geral aposentado. Foi agraciado com o título de Barão em duas vidas por decreto de 26 de Maio de 1836 e, por decreto de 18 de Fevereiro de1852 foi elevado a 1.º Visconde de Alcochete. Bernardo Daupiás era um abastado proprietário da região de Alcochete, onde, entre outros possuía o Prazo de Barroca d'Alva a que pertencia a herdade de Rio Frio. Quando esteve em Paris como encarregado de negócios teve o encargo de cuidar da infanta D. Maria, futura D. Maria II, quando esta permaneceu num convento daquela cidade a completar a sua educação."

02 agosto 2006

O Sal


“Não se sabe ao certo quando é que a actividade salineira terá surgido, neste concelho mas supõe-se que na dominação romana já existisse, pois a indústria de salga do peixe e a preparação do “garum” encontrava-se em franco desenvolvimento em toda a margem sul do rio Tejo.
Os árabes também se ocuparam nesta actividade, tendo deixado testemunhos através dos utensílios de trabalho – diversas pás, as adufas e o bombeiro.
Segundo documentos antigos, os Alcochetanos tinham profissões de escudeiros, marnoteiros, carreiros, mareantes, barqueiros, sapateiros, cavadores e feitores.
A partir do séc. XV, a povoação adquiriu maior importância e tornou-se centro abastecedor de Lisboa. A população local contribuiu bastante para o projecto dos Descobrimentos, tendo o seu sal abastecido as caravelas e naus que partiram para o Oriente, onde foi utilizado como moeda de troca.
O sal foi sempre um produto importante nesta zona e era extraído em grande quantidade. Durante o Séc. XVII, Alcochete assistiu a um grande desenvolvimento da exploração do sal. Após um período de menos actividade, no sec. XVIII Alcochete voltou a atrair a nobreza, pois ai se instalou o comerciante francês Jacome Ratton que, entre muitas inovações nos diversos sectores económicos, introduziu novos mecanismos para movimentar a água das salinas, que se estendiam ao longo das margens da Ribeira das Enguias.
Durante o séc. XIX e a primeira metade do sec. XX, Alcochete voltou a ser considerado um importante centro produtor de sal, desenvolvendo-se economicamente e enraizando as suas tradições.
No entanto, na década de 50 deste século, diversos factores levaram à diminuição da produção de sal no nível nacional, situação que também atingiu Alcochete, tais como: a auto-suficiência de países tradicionalmente consumidores do nosso sal; o enfraquecimento da navegação à vela que o transportava como lastro; o aparecimento de sistemas de refrigeração e o seu emprego nos navios da pesca de bacalhau (os principais consumidores de sal). Assim, passou-se rapidamente de pais exportador para a situação de importador.
Apesar disso, o sal como qualquer actividade económica dominante num determinante lugar, tem concedido, ao longo de gerações, uma identidade cultural à população ribeirinha deste concelho, embora este produto, que pelo seu valor e simbolismo chegou a ser denominado de “ouro branco”, não tenha enriquecido quem lhe dedicou toda a sua vida (os salineiros eram uma classe simples e carenciada economicamente).
Os salineiros habitavam, maioritariamente, no Bairro das Barrocas, juntamente com os Pescadores. São considerados a figura mais importante do concelho, devido à enorme importância que as marinhas de sal tiveram noutros tempos.”

Transcrição do livro “Nos Caminhos do Sal”